quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Entrevista a revista " Rolling Stone " - Parte I

Há quanto tempo começaram a parar você na rua pra valer?
Maria Gadú: Acho que intensificou no começo do ano. Pela novela muito mais gente conhecia a música ["Shimbalaiê"], mas ela não está ligada à forma física. Quando eu comecei a aparecer em programas de TV, o pessoal começou a reconhecer.

Como você era na escola?
Há controvérsias [risos]. Ah, nunca gostei da formula de ensino. Dava pouca abertura a novas possibilidades. Você tem um plano a cumprir, aquele quadro de matérias... Mas é uma fase muito formadora, né? Eu ficava puta, vai te pressionar no terceiro ano sem ter te ensinado o que você gostaria de fazer? Sempre gostei muito de estudar, lia muito. Como eu não curtia muito o método e já sabia o que eu gostava de fazer, e sabia que não era nenhuma daquelas opções, eu estudava em casa. Chegava na escola, dormia. Tocava à noite todo dia.

Quando você começou a tocar à noite?
Comecei com 13 anos, minha mãe que arrumava os shows. Eu comecei a tocar na [rede de cervejarias] Braumeister. Eram oito [estabelecimentos], e tinha mais duas pizzarias no Jabaquara. Isso já ocupava minha semana inteira, tinha dia que eu tocava em dois lugares - na Braumeister até 22h e depois na pizzaria ate 3h. Adorava! Já ganhava meu dinheiro.

E gastava com o quê?
Gastava com instrumento, equipamento musical, pagava bebida pros amigos, dava pra minha mãe. Nem via meu dinheiro ir. Nunca tive apego, não tinha nem conta no banco.

Você terminou o Ensino Médio?
Parei no segundo ano.

E não tem vontade de terminar?
Não. Eu ia ficar ali no meio de tanta gente pressionada, aquela coisa focada no vestibular e eu não vou prestar, então acho desnecessário. Uma formula de álgebra a mais ou a menos na minha vida não vai fazer diferença. Eu estudava violão oito horas por dia. Ficava com dó dos meus amigos no terceiro ano. Nego chorando, emagrecia. Aquilo era um massacre.

Onde você estudou?
Em um monte de colégios. Eu queria conhecer muita gente, adorava conhecer pessoas. No Madre [Cabrini, colégio no bairro da Vila Mariana, em São Paulo] acho que foram uns cinco anos, foi o colégio que eu mais gostei. Sempre que dá me encontro com a galera, mas faz tempo que não faço isso. Às vezes eu vou [para São Paulo] e volto no mesmo dia, três vezes em uma semana. Dá até dor no coração, não dá nem pra ligar.

Já está batendo um cansaço dessa correria?
Às vezes. O que cansa não são os shows, é a rota, esse lance de avião, aeroporto, e vai pra rádio... Acaba que eu sou a que menos descansa da equipe inteira. Já virei três dias, só no energético. Mas tive duas semanas de férias, no carnaval fui pra Europa: pra Itália, ver meus amigos, e pra França, pra ver minha família.

Você fala bastante dos Varandistas, já apareceu com eles na TV. O que é esse grupo, afinal?
A gente se reúne pra tocar, escrever, falar bobagem. Varandistas não é na verdade um conjunto, é só um encontro. A gente colocou nome no se encontrar. São nove pessoas.

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